27 February 2015

Coruche

Coruche é uma vila ribatejana do vale do Sorraia, no sul de Portugal.
A presença humana na região remonta ao período paleolítico. Alguns autores atribuem a fundação da povoação aos galo-celtas, cerca de 300 anos antes de Cristo. No entanto, é mais aceite que terá sido estabelecida durante a época romana de pacificação das zonas conquistadas. No período islâmico possuiu um castelo, destruído em 1180, cuja memória subsiste na Ermida de Nossa Senhora do Castelo, no monte sobranceiro à vila. D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, conquistou Coruche aos mouros em 1166 e doou-a em 1176 à Ordem de Avis. Dada a sua importância, Coruche tinha representação nas cortes. Recebeu forais de D. Afonso Henriques, D. Sancho I, D. Afonso II e D. Manuel I.
As formas mais antigas do nome de Coruche foram Culuchi ou Coluchi. Posteriormente encontram-se Coluchio, Cruche e Coruche. JoaquimSilveira liga o topónimo ao monte onde se localizou o castelo:
«Elevado monte, em cujo cimo se erguia o castelo medieval de Coruche e a que este castelo e a respectiva torre de atalaia, que havia de ter, dariam ainda uma maior eminência, levam-me, para explicar o seu nome, a aproximar o topónimo Coruche do nosso vocábulo comum corucho, que tem o sentido genérico de extremidade alta e acuminada de alguma coisa, picoto, coruto.»
O dicionário de toponímia da Infopédia atribui uma etimologia incerta a Coruche, mas podendo derivar de corucho, “cume, torre”. Ferraz de Carvalho derivava o nome de Coruche do latim collotium, “celeiro ou armazém”, que originou a forma intermédia Coluchi.
Em concordância com a opinião sobre algo alto temos nos dicionários:
Corucho: coroça ou croça com capuz (no Minho); parte mais alta das árvores; coruto; espécie de carapuça de palha com que se cobre a parte superior da meda; o mesmo que curucho.
Corucha: coruta, cimo; parte superior do palheiro.
Confrontando coruchéu (do francês clocher, campanário): parte mais elevada de uma torre ou de um campanário, geralmente com remate pontiagudo; zimbório; torre ou torreão que coroa um edifício; remate piramidal de edifício; minarete; barrete cónico dos penitentes da Inquisição. Clocher em francês é campanário ou torre sineira.
«Pedro A. Ferreira entendia que o apelativo coruja está, não só na base de Coruche, mas também na de muitos outros topónimos: “Coruche é deturpação de Corucho — e este de corujo por coruja — ave nocturna”.
J. P. Machado, que atribui a coruja etimologia obscura, informa que curugios se documenta em 1085 e curugeira em 1101, como topónimo. Quanto a Coruche, diz desconhecer a sua origem, mas aventa a hipótese de se tratar de um nome arábico, ou mais provavelmente arabizado, isto é, pré-arábico mas passado pela fieira do idioma arábico, cuja forma mais antiga — Coluchi — data de 1268.»
«Pedro de Azevedo recolheu no Glosario de Simonet um “número avultado de palavras românicas influenciadas pela pronúncia árabe, que se conservam entre nós como nomes de lugares” e que, nalguns casos, são “apelidos de proprietários que se fixaram nas terras que lhes pertenciam por qualquer título.” Entre esses antropónimos figura, como já foi referido, Cruch ‘Cruz (apelido)’, a que o Autor atribui a etimologia de Coruche (distrito de Santarém)».
«Tendo-se verificado hesitações quanto à origem do nome em causa — em c(o)rucho / -che ‘elevação de terreno arredondada’ ou em c(u)ruch ‘cruz’ e apelido — já não há razão para dúvidas quanto ao cunho foneticamente moçárabe de Coruche.»

Coruche é também uma "variedade de pêra muito saborosa". (Léxicoda fruta

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