31 March 2015

Abril

Abril em
Les très riches heures du duc de Berry
Abril é o quarto mês do calendário gregoriano. É um dos quatro meses com 30 dias. Abril é habitualmente associado à primavera no hemisfério norte e ao outono no hemisfério sul. Nos signos do zodíaco, o carneiro vai até 20 de abril e o touro a partir de 21 de abril.
O nome do mês de abril deriva do latim aprile ou aprilis, o segundo mês do calendário romano. Mas a origem deste tem diversas hipóteses:
  • De Apru, ou Aprus, o nome etrusco de Afrodite (a Vénus romana), a deusa do amor e da paixão. Apru seria derivado de Aphro, o nome abreviado de Afrodite.
  • Relacionado com Afrodite (em grego Αφροδίτη), deusa do amor, da beleza, da sexualidade, da fertilidade, do prazer e da alegria. O seu culto foi provavelmente baseado no de Astarte (em grego Αστάρτη, em hebraico עשתרת), também deusa da fertilidade e a mais importante do panteão fenício. A Afrodite dos gregos era a Vénus dos romanos.
  • O latim aprilis teria origem em aperire, com o significado de «abrir», em referência à germinação das plantas e à “abertura” das flores e das árvores na primavera do hemisfério norte. Por comparação, em grego a palavra primavera é νοιξις (anoixis) e significa «abertura».
  • De *ap(e)rilis, «o seguinte, o próximo», devido a ser o segundo mês do calendário romano. Do proto-itálico *ap(e)ro-, proto-indoeuropeu *apo-, «para fora» (confrontar com o sanscrito aparah «segundo», gótico afar «após, depois»).
  • Aprilis poderia ter relação com o adjetivo apricus, «exposto ao sol, que gosta do sol, ensolarado, claro, puro».
Seja qual for a origem do nome, os romanos dedicavam o mês de abril à deusa Vénus (Afrodite). No primeiro de abril os romanos tinham o festival da Venerália, dedicado a Vénus Verticórdia (“Vénus a trocadora de corações”).
O nome em inglês, April, também tem origem no latim aprilis, através de apprile, aueril, averil, do francês avril. O nome do mês em inglês antigo era Ēosturmōnaþ ou Eastermonað, baseado na deusa da fertilidade Ēostre ou Ostara, a qual está na origem do nome anglófono da Páscoa.

Palavras e expressões relacionadas com abril

Abril
  • Em sentido figurado: época em que se é jovem; juventude; mocidade, primavera; idade da alegria e da inocência.
  • Na Galiza, abril emprega-se para expressar a idade de uma rapariga (no Brasil moça, garota); por exemplo: «tem dezasseis abris».
  • Estar feito um abril: estar cheio de vida. (Galiza.)
  • Nem que fosse primeiro de abril: como de mentira, nem que fosse mentira. (Galiza.)
  • Forma abreviada de referir o 25 de Abril, em Portugal.
Abrilada
  • Acto, evento ou facto ocorrido em abril; tempo próprio de abril, o mesmo que abrileiro.
  • Revolta de caráter absolutista liderada pelo infante D. Miguel, em abril de 1824 em Portugal. Sucedeu à Vilafrancada, de 1823, e foi o prenúncio da Guerra Civil, de 1828 a 1834.
  • Revolta, de caráter conservador e absolutista, ocorrida na então província de Pernambuco, no Brasil, em abril de 1832, após a abdicação de D. Pedro I e o seu regresso a Portugal.
  • A Abrilada de 1947 foi um movimento revoltoso militar português, de oposição ao regime salazarista. Foi a primeira tentativa de um golpe militar para derrubar Salazar, ocorrida depois da II Guerra Mundial, mas sem sucesso.
  • A Abrilada de 1961, também chamado Golpe Botelho Moniz, foi uma tentativa de golpe de estado em março/abril de 1961 em Portugal, efetuada por oficiais liberais e dirigida pelo general Botelho Moniz, sem alcançar sucesso devido às falhas de organização.
Primeiro de abril
  • O primeiro dia de abril é conhecido como o dia das mentiras, dia das petas, dia dos tolos ou dia dos bobos. A origem da brincadeira do primeiro de abril é indefinida. Seria o dia consagrado ao deus Loki, Loke, Loptr, Lothur ou Hveðrungr, da mitologia nórdica. Este era o deus dos truques, das brincadeiras, das trapaças e das travessuras, estando também ligado à magia. O culto de Loki teria posteriormente dado origem ao Dia da Mentira. Outra explicação sugere que brincadeira surgiu em França, quando o Ano Novo era festejado no dia 25 de março, o início da primavera. As festas do novo ano duravam uma semana atá ao dia 1 de abril.1
  • Na Galiza o primeiro de abril é conhecido como dia dos enganos.
  • Em castelhano é o día de las bromas de abril. Nos países de língua castelhana há outro dia semelhante ao primeiro de abril, que é o Día de los Inocentes ou Día de los Santos Inocentes, a 28 de dezembro.
  • Em catalão é chamado o dia d'enganyar.
  • Em italiano, francês e neerlandês, o dia das mentiras é chamado, respectivamente, pesce d'aprile, poisson d'avril e aprilvis, ou seja «peixe de abril».
  • Em inglês é conhecido como April Fools' Day, «Dia dos Tolos de abril».
25 de Abril
  • A Revolução de 25 de Abril, ou Revolução dos Cravos, foi o movimento revolucionário que depôs em 1974 o regime do Estado Novo em Portugal. É frequentemente designado apenas o 25 de Abril ou mesmo só Abril. O dia é feriado e comemorado com o nome de Dia da Liberdade.
Provérbios
  • A água com que no verão se há-de regar, em abril há-de ficar.
  • A água de abril é água de cuco, molha quem está enxuto.
  • A água que no verão há-de regar, em abril e maio há-de ficar.
  • A água que no verão há-de regar, em abril há-de ficar.
  • A água, em abril, carrega o carro e o carril.
  • A aveia em abril está a dormir.
  • A carranca é mãe do cuco, vem ao princípio de abril e diz ao maio que seu filho está para vir.
  • A geada de março tira o pão do baraço e a de abril nem ao baraço o deixa ir.
  • A invernia de março e a seca de abril põe o lavrador a pedir.
  • A ovelha e a abelha por abril dão a peleja. (Galiza)
  • A rã que em março raqueia, em abril rabeia. (Galiza)
  • A sardinha de abril é vê-la e deixá-la ir.
  • A sardinha por abril, colhe-a pelo rabo e deixa-a ir; pelo maio assa-a no rescaldo, e pelo São João já molha o pão. (Galiza)
  • A ti, chova todo o ano, e a mim, abril e maio.
  • A três de abril, o cuco há-de vir e, se não vier a oito, está preso ou morto.
  • A três de abril, o cuco há-de vir.
  • Abri, águas mil, quantas mais puderem vir.
  • Abril chove para os animais e maio para as bestas.
  • Abril chove para os homens e mais para as bestas.
  • Abril chuvoso e maio ventoso fazem o ano formoso.
  • Abril chuvoso, maio ventoso e junho amoroso, fazem um ano formoso
  • Abril chuvoso, maio ventoso e junho calmoso fazem o ano formoso
  • Abril com chuvadas, mentes amuadas.
  • Abril e flores, alergias e suas dores.
  • Abril e maio são as chaves de todo o ano.
  • Abril e maio, chave de todo o ano
  • Abril e maio, chaves do ano.
  • Abril frio dá pão e vinho.
  • Abril frio e molhado, enche o celeiro e farta o gado.
  • Abril frio traz pão e vinho.
  • Abril frio, ano de pão e vinho.
  • Abril frio, pão e vinho.
  • Abril leva as peles a curtir
  • Abril mete a ovelha no covil.
  • Abril molhado, ano abastado.
  • Abril molhado, sete vezes trovejado
  • Abril queima-se o carro e o carril.
  • Abril vai a velha aonde há-de ir e a sua casa vem dormir.
  • Abril, abril, está cheio o covil.
  • Abril, abrilete, é o mês do ramalhete.
  • Abril, águas mil
  • Abril, águas mil e em maio três ou quatro.
  • Abril, águas mil, cabem todas num barril.
  • Abril, águas mil, coadas por um funil.
  • Abril, águas mil, peneiradinhas por um mandil.
  • Abril, águas mil, quantas mais puderem vir.
  • Abril, cheio o covil.
  • Abril, espigas mil.
  • Abril, frio e molhado, enche o celeiro e farta o gado.
  • Abril, no princípio ou no fim é ruim.
  • Abril, ora chora ora ri
  • Abril, queijos mil e em maio, três ou quatro.
  • Abril, tempo de cuco, de manhã molhado e à tarde enxuto.
  • Abril, vai a velha aonde há-de ir e a sua casa vem dormir.
  • Agosto, engravelar; setembro, vindimar;
  • Água de abril, peneirada por um mandil.
  • Água de maio e três de abril valem por mil.
  • Água que em abril ficar, no verão há-de regar.
  • Água que no verão há-de regar, em abril há-de ficar.
  • Águas de abril são moios de milho.
  • Águas de regar, de abril e maio hão-de ficar.
  • Altas ou baixas, em abril vêm a Páscoa.
  • Altas ou baixas, em abril vêm as Páscoas.
  • Antes a estopa de abril que o linho de março.
  • Antes do oito de abril, o cuco tem que vir; si o cuco non veio, morte se tem. (Galiza)
  • Ao princípio e ao fim, abril costuma ser ruim.
  • As manhãs de abril são boas de dormir
  • As manhãs de abril são doces de dormir
  • Aveia até abril está a dormir.
  • Borreguinho de abril, tomaras tu mil.
  • Busca pão para maio e lenha pra abril e bota-te a dormir. (Galiza)
  • Cabras em março, neve em abril. (Galiza)
  • Camponês em abril tem bagaço no cantil.
  • Chega abril; se o cuco não vem, ou morreu ou não sei o que tem. (Galiza)
  • Chuvas na Ascensão das palhinhas fazem pão.
  • De grão te sei contar que em abril não há-de estar nascido nem por semear.
  • De março a abril há muito que pedir.
  • De março a abril há pouco que rir.
  • De São Martinho a abril mercar os queijos mil. (Galiza)
  • Depois de Ramos, na Páscoa estamos.
  • Do grão de rei contai que em abril não há-de estar nascido nem por semear.
  • Do pão te hei-de contar, que em abril não há-de estar nascido, nem por semear.
  • É mau por todo o abril ver o céu a descobrir.
  • É próprio do mês de abril, as águas serem às mil.
  • É próprio do mês de abril, as águas serem mil.
  • Em abril a natureza ri
  • Em abril a velha sai e volta ao seu covil.
  • Em abril abre a porta à vaca e deixa-a ir.
  • Em abril águas mil coadas por um funil
  • Em abril águas mil coadas por um mandil.
  • Em abril águas mil, canta o carro e o carril.
  • Em abril águas mil.
  • Em abril ainda queima a velha o carro e o carril e deixa um tição para maio, para comer as cerejas ao borralho.
  • Em abril cada pulga dá mil.
  • Em abril cada pulga dá mil.
  • Em abril canta o cuco no cubil. (Galiza)
  • Em abril corta um cardo, nascerão mais de mil.
  • Em abril dá a velha a filha por pão a quem a pedir.
  • Em abril dá a velha a filha, por um pão a quem lha pedir.
  • Em abril deita-te a dormir.
  • Em abril dorme o moço ruim e em maio dorme o moço e o amo.
  • Em abril e maio moenda para todo o ano.
  • Em abril guarda o gado e vai onde tens de ir.
  • Em abril lavra as altas, mesmo com água pelo machil.
  • Em abril o boi bebe no rio.
  • Em abril pelos favais vereis o mais.
  • Em abril pelos favais vereis o mais.
  • Em abril queijos mil, e em maio três ou quatro.
  • Em abril queijos mil, e em maio, 3 ou 4.
  • Em abril queima a canga e o canzil.
  • Em abril queima a velha o carro e o carril e deixa um tição para maio, para comer as cerejas ao borralho.
  • Em abril queima a velha o carro e o carril e o que ficou, em maio o queimou.
  • Em abril queima a velha o carro e o carril, uma camba que ficou, ainda em maio a queimou e guardou o seu melhor tição para o mês de São João.
  • Em abril queima a velha o carro e o carril.
  • Em abril queimou a velha o carro e o carril e uma camba que deixou em maio a queimou.
  • Em abril queimou a velha, o carro e o carril; e uma cambada que ficou, em maio a queimou.
  • Em abril quer-se águas mil coadas por um mandil.
  • Em abril sai a bicha do covil.
  • Em abril sai a velha do covil, dá uma volta e torna a vir.
  • Em abril vai a velha onde quer ir e a sua casa vem dormir.
  • Em abril vai a velha onde tem de ir e vem dormir ao seu covil.
  • Em abril, a rês perdida recobra vigor e vida.
  • Em abril, a velha vai e volta ao seu covil.
  • Em abril, abre a porta à vaca e deixa-a ir.
  • Em abril, águas mil e em maio, três ou quatro.
  • Em abril, águas mil, coadas por um funil.
  • Em abril, águas mil, coadas por um mandil.
  • Em abril, águas mil, que caibam num barril.
  • Em abril, águas mil.
  • Em abril, cada pulga dá mil.
  • Em abril, cavar e rir.
  • Em abril, corta um cardo e nascerão mil.
  • Em abril, de uma nódoa tira mil
  • Em abril, enchem o covil.
  • Em abril, espigar.
  • Em abril, espigas mil.
  • Em abril, guarda o teu gado e vai aonde tens de ir.
  • Em abril, lavra as altas, mesmo com água pelo machil.
  • Em abril, mau é descobrir.
  • Em abril, o cuco há-de vir.
  • Em abril, o salmão para min; no maio para o criado e no São João para o cão. (Galiza)
  • Em abril, pelos favais vereis o mais.
  • Em abril, queijos mil e em maio, três ou quatro.
  • Em abril, queijos mil.
  • Em abril, queima a canga e o canzil.
  • Em abril, queima a velha o carro e o carril e deixa um tição para maio, para comer as cerejas ao borralho.
  • Em abril, queima a velha, o carro e o carril.
  • Em abril, queima a velha, o chambaril.
  • Em abril, queima o velho o carro e o carril e uma camba que guardou, ainda em maio a queimou.
  • Em abril, queima-se o carro e o carril.
  • Em abril, queimou a velha o carro e o carril; e uma cambada que ficou em maio a queimou.
  • Em abril, sai a bicha do covil.
  • Em abril, sai a velha do seu covil, dá uma volta e torna a vir.
  • Em abril, sai o bicho do covil.
  • Em abril, sê o primeiro no campo e o último no leito.
  • Em abril, um pão e um merendil.
  • Em abril, vai a velha aonde há-de ir e torna outra vez ao seu covil.
  • Em abril, vai a velha aonde tem de ir e vem dormir ao seu covil.
  • Em abril, vai a velha onde quer ir e a sua casa vem dormir.
  • Em abril, vai a velha onde quer ir e a sua casa vem dormir.
  • Em abril, vai aonde hás-de ir e volta ao teu covil.
  • Em abril, vai onde deves ir, mas volta ao teu covil.
  • Em janeiro junta a perdiz ao parceiro, em fevereiro faz um rapeiro, em março faz o covacho, em abril enche o covil, em maio, pi-pi-pi para o mato.
  • Em janeiro seca a ovelha as suas madeixas ao fumeiro, em março no prado, e em abril as vai urdir.
  • Em janeiro seca a ovelha no fumeiro, em março no prado e em abril se vai medir.
  • Em janeiro seca a ovelha suas madeixas ao fumeiro; em março, no prado e em abril as vai urdir.
  • Em lua de abril tardia, nenhum lavrador confia.
  • Em marçal e abril sempre foram revoltas as águas do Sil. (Galiza)
  • Em março queima a velha o maço e em abril, os arcos e o barril.
  • Em março, merenda o pedaço e em abril, merenda o merendil.
  • Em tempo de cuco, pela manhã molhado, à noite enxuto.
  • Entre abril e maio, moenda para todo o ano.
  • Entre maio e abril sai o cuco do cubil. (Galiza)
  • Entre março e abril não há que rir.
  • Entre março e abril saio cuco do cuquil. (Galiza)
  • Entre março e abril, o cuco há-de vir ou o fim do mundo está para vir.
  • Entre março e abril, o cuco ou é morto ou está para vir.
  • Entre março e abril, o cuco há-de vir.
  • Enxame de abril para mim; de maio para o meu irmão.
  • Enxames em abril, mil; em maio, apanhai-os; pelo São João, apanhai-os ou não.
  • Estação primaveril, cravos de abril.
  • Faça abril o seu dever, faça maio o que quiser
  • Fevereiro couveiro, faz a perdiz ao poleiro; março, três ou quatro; abril, cheio está o covil; Maio pio-pio pelo mato; junho como um punho; em agosto as tomarás a cosso.
  • Fevereiro recoveiro faz ir a perdiz ao poleiro, em março, três ou quatro.
  • Flores de abril, coração gentil.
  • Frio de abril, nas pedras vá ferir
  • Grão em abril não há-de estar nem crescido, nem por semear
  • Guarda pão para maio e lenha para abril.
  • Horas de abril ensolaradas põem mulheres descascadas.
  • Inverno de março e seca de abril, deixam o lavrador a pedir.
  • Janeiro escarcheiro, fevereiro nevadeiro, março airoso, abril chuvinhoso, maio pardo e São João claro, valem mais que as mulas e o carro. (Galiza)
  • Janeiro geadeiro, fevereiro aguadeiro, março chover cada dia seu pedaço, abril águas mil coadas por um funil. maio pardo celeiro grado, junho foice em punho.
  • Janeiro geadeiro, fevereiro amoroso, março ventoso, abril chuvinhoso, maio pardo e São João claro valem mais que as mulas e o carro. (Galiza)
  • Janeiro gear, fevereiro chover, março encanar, abril espigar, maio engrandecer, junho ceifar, julho debulhar, agosto engavelar, setembro vindimar, outubro revolver, novembro semear, dezembro nasceu Deus para nos salvar.
  • Janeiro gear, fevereiro chover, março encanar, agosto recolher, setembro vindimar.
  • Janeiro geoso; fevereiro nevoso, março molinhoso, abril chuvoso e maio ventoso, fazem o ano formoso.
  • Janeiro oveiro, março espigarço, abril penduril. (Galiza)
  • Marrano de abril sobe com a mãe ao chamberil. (Galiza)
  • Nas tardes de abril vai a onde tenhas que ir, que à tua casa irás dormir. (Galiza)
  • No mês de abril canta o cuco e o penduril. (Galiza)
  • O março que não marceja, vem abril e o apedreja. (Galiza)
  • O mês de janeiro é geadeiro; fevereiro, molinheiro; março, esquievaço; abril, chuvoso; maio, pardo, e São João, claro; em seitura sol, e em agosto melhor. (Galiza)
  • Quando março é ventarrão, abril é chuviscão. (Galiza)
  • Quem queira mal a uma vizinha, dê-lhe em abril sardinha. (Galiza)
  • Se canta a rã em março, já cala em abril. (Galiza)
  • Se em março canta a rã, em abril e maio calada está. (Galiza) (Galiza)
  • Se o cuco não vem em março ou abril, é porque vem o frio. (Galiza)
  • Sono de abril, deixa-o a teu filho dormir.
  • Trinta dias tem novembro, com abril, junho e setembro; de vinte e oito só há um e os demais são de trinta e um. (Galiza)

29 March 2015

Anho, cordeiro ou borrego

Dentro do território de qualquer língua existem diversas áreas lexicais, como parte da variação diatópica. Neste mapa temos o exemplo de Portugal continental para a palavra que designa a cria da ovelha. Os dados baseiam-se nos inquéritos realizados pelo eminente filólogo e linguista português Luís Filipe Lindley Cintra, em 1953 e em 1954, na companhia do galego Aníbal Otero Alvarez, para a parte portuguesa do Atlas Linguístico da Península Ibérica.
Os três nomes para a cria de ovelha são, conforme as regiões, anho, cordeiro e borrego.
Anho corresponde à denominação latina agnus. 
Cordeiro provém do adjetivo latino vulgar *cordarius (ou *chordariu), derivado de cordus (ou chordu), «tardio», «tardio em nascer», porque os agni cordi eram os cordeiros nascidos tardiamente, em fevereiro em vez de novembro ou dezembro. 
Borrego deriva de borra, «lã grosseira», do latim tardio burra ou burru, através do castelhano borrego.
A ovelha (Ovis aries) é um mamífero ruminante bovídeo da sub-família Caprinae. O macho é chamado carneiro. As crias são, como vimos, designados anhos, cordeiros ou borregos.
A palavra ovelha veio do latim ovicula, diminutivo de ovis, portanto «ovelhinha».
Carneiro tem origem no latim *carnariu, «[animal] de boa carne».

As raças autóctonas de ovelhas portuguesas são as seguintes:

  • Bordaleira de Entre Douro e Minho;
  • Campaniça - origem na região de Campo Branco, Alentejo; ovino proveniente de Ourique, no Alentejo;
  • Churra algarvia;
  • Churra badana - origem em Trás-os-Montes;
  • Churra da Terra Quente - origem em Trás-os-Montes;
  • Churra do Campo - origem na região da Beira Interior;
  • Churra do Minho;
  • Churra galega bragançana - origem em Trás-os-Montes;
  • Churra galega mirandesa - origem em Trás-os-Montes;
  • Merino branco - origem no Alentejo;
  • Merino da Beira Baixa - origem na Beira Interior;
  • Merino preto - origem no Alentejo;
  • Mondegueira ou churra mondegueira - origem na área do Alto Mondego; também conhecida por terrincha ou tarrincha;
  • Saloia - origem na região de Lisboa e concelhos limítrofes;
  • Serra da Estrela.

Algumas definições:

  • Bordaleiro - diz-se de carneiro ou ovelha de lã crespa, de qualidade inferior (regionalismo).
  • Churra - lã em rama, grossa e suja.
  • Churro - carneiro ou ovelha cujas patas e cabeça estão cobertas de lã grosseira e comprida (regionalismo). Diz-se do carneiro ou da ovelha que tem a lã mais mesta e menos encrespada que a raça merina. Do latim sordidu, «sujo».
  • Merino - raça de carneiros muito apreciada pela qualidade superior da sua lã. Do árabe merini, pelo castelhano merino.

Na Galiza existe a raça autóctona ovelha galega.

Provérbios e expressões idiomáticas

  • Abelha, ovelha, pena atrás da orelha e parte na igreja, desejava para seu filho a velha.
  • Abelhas e ovelhas têm suas defesas.
  • Agora, que tenho ovelha e borrego, todos me dizem: Venhais embora, Pedro.
  • Anho manso mama a saa ovelha e mais a alheia. (Galiza.)
  • Ano de ovelhas, ano de abelhas. 
  • Antes perder a lá que o carneiro.
  • Até ao Natal salto de pardal, de Natal a janeiro salto de carneiro e de janeiro a fevereiro salto de outeiro.
  • A carneiro, só peças lã.
  • A cordeiro estranho, não recebas em teu rebanho.
  • A mulher e a ovelha, com o sol à cortelha.
  • A lã não pesa à ovelha, e a barba não pesa ao bode.
  • A mais ruim ovelha é a que suja no terrado.
  • A mais ruim ovelha de facto suja o tarro.
  • A pescada de janeiro, vale um carneiro.
  • A raposa ama enganos; o lobo, cordeiros; e a mulher, louvores.
  • Basta uma ovelha ranhosa para perder o rebanho.
  • Borreguinha mansa mama a sua teta e a alheia. 
  • Cada ovelha com a sua parelha.
  • Coitados dos cordeiros, quando os lobos querem ter razão.
  • Cordeiro manso, mama a sua mãe e a alheia. 
  • Cordeiro manso mama a sua ovelha e a alheia. (Galiza.)
  • De Santa Luzia ao Natal, um salto de pardal, de Natal a janeiro, um salto de carneiro.
  • Donde o lobo come a ovelha, deixa o rastro dela. (Galiza.)
  • Do Natal a janeiro, um salto de carneiro.
  • Duma ovelha negra sai um anho branco. (Galiza.)
  • Em abelhas e ovelhas não metas o que tenhas, mas, podendo ser, nunca estejas sem elas. (Galiza.)
  • Em janeiro cada ovelha com seu cordeiro.
  • Em janeiro os dias têm saltos de carneiro.
  • Em janeiro seca a ovelha no fumeiro.
  • Em janeiro sabem as berças como carneiro. (Galiza.)
  • Em janeiro sabe o caldo a cordeiro. (Galiza.)
  • Em janeiro saltinho de carneiro.
  • Em janeiro veste pele de carneiro.
  • Enquanto disputam os cães, come o lobo a ovelha.
  • Entradas de leão, saídas de sendeiro.
  • Fez do lobo o guardião de ovelhas.
  • Fraca é a ovelha que não pode com a lã.
  • Lobo com pele de cordeiro.
  • Março marção, de começo cordeiro e ao fim leão. (Galiza.)
  • Muitas vezes duma ovelha moura nasce um cordeiro branco. (Galiza.) 
  • Não é pela ovelha, que é pela lã dela. (Galiza.)
  • No Natal, cada ovelha ao seu corral. (Galiza.)
  • Onde o lobo acha um cordeiro, busca outro. 
  • Ovelha cornuda e vaca barriguda, não troques por nenhuma.
  • Ovelha de casta, pasto de graça e o filho da casa.
  • Ovelha farta do rabo se espanta.
  • Ovelha farta, com o seu rabo se assusta.
  • Ovelha gafeira / gafeirosa deseja gafeirar um cento.
  • Ovelha prometida não diminui o rebanho.
  • Ovelha negra / Ovelha negra da família.
  • Ovelha que bale, perde o bocado.
  • Ovelha que barrega, perde o bocado.
  • Ovelha que bale, bocado que perde.
  • Ovelha que berra, bocado que perde.
  • Ovelha que é do lobo, Santo António não guarda.
  • Ovelha que leva o lobo, levada vai. (Galiza.)
  • Ovelha ruim bota o rebanho a perder.
  • Ovelha ruim tolhe as outras.
  • Ovelha velha e colmeia pobre no mês de maio morre. (Galiza.) 
  • Ovelha velha e cortiço pobre no maio morre. (Galiza.) 
  • Ovelhas bobas, por onde vai uma vão todas.
  • Ovelhas não são para o mato.
  • Ovelhas não se fazem para o mato.
  • Ovelhas poucas, ovelhas loucas. (Galiza.)
  • Ovelhinha mansa mama na sua teta e na do vizinho.
  • O anho que diante nasce, diante pasce. (Galiza.)
  • O bom pastor tosa as ovelhas, mas não as esfola.
  • O luar de janeiro, é claro como um carneiro; mas lá vem o de agosto que lhe dá pelo rosto.
  • Pelo São Mateus faz conta das ovelhas, que os borregos são teus.
  • Queijo, de ovelha; manteiga, de vaca; leite, de cabra.
  • Quem se faz de cordeiro será comido pelo lobo.
  • Tola é a ovelha que com o lobo se confessa.
  • Uma má ovelha deita um rebanho a perder.
  • Uma ovelha má põe um rebanho a perder.
  • Uma ovelha morrinhenta num rebanho, perde as outras que acompanham.
  • Uma ovelha ranhosa deita um rebanho a perder.
  • Uma ovelha ruim bota um rebanho a perder.
  • Uma ovelha ruim deita um rebanho a perder.
  • Uma ovelha tinhosa faz todo o rebanho tinhoso.
  • Vai-te embora fevereiro, que me não deixaste nenhum cordeiro.

http://cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/bases-tematicas/historia-da-lingua-portuguesa.html

24 March 2015

Couto Misto

Bandeira e mapa do Couto Misto
O Couto Misto, ou Couto Mixto, foi um microestado ou república, independente de facto, do século X ao século XIX, situado entre os então reinos de Portugal e Espanha, na zona raiana entre Trás-os-Montes e a Galiza, no vale do rio Salas.
A origem do Couto Misto não é clara, mas terá tido início no século X. Na baixa idade média era defendido pelo castelo da Piconha, localizado a leste de Tourém. Pelo Tratado de Lisboa, de 1864, este castelo passou para soberania espanhola. O Couto esteve vinculado, por foral das Terras da Piconha, à Casa de Bragança, mas sem ligação à coroa portuguesa nem à espanhola. Desde finais do século XV também houve relações entre o Couto Misto e a Casa de Lemos e Monte-Rei. Eclesiasticamente formava uma única paróquia e estava ligado à diocese de Ourense, tal como Tourém.
A maior parte do território do Couto Misto, hoje em dia sob domínio espanhol na Galiza, era constituído pelos lugares de Santiago de Rubiães e Rubiães dos Mistos (Rubiás dos Mixtos) — ambos na atual paróquia de Rubiás dos Mistos, no concelho de Calvos de Randim — e Miãos (Meaus, ou As Maus) — na paróquia de Tosende, no concelho de Baltar. Também fazia parte do Couto Misto uma pequena faixa desabitada que pertence agora ao concelho português de Montalegre. A capital era em Santiago, onde se reunia a assembleia popular no adro da igreja; na igreja de Santiago estava guardada a arca com todos os documentos do Couto Misto. Rubiás era a maior povoação. Meaus era o principal núcleo económico e comercial. Os habitantes usufruíam ainda do Caminho Privilegiado, uma via neutra que atravessava território concelho de Calvos de Randim, na Galiza, até ao antigo concelho de Tourém, em Portugal.
Igreja de Santiago
O Couto Misto usufruía de grande autonomia, sendo independente de facto, e os seus habitantes gozavam de uma série de privilégios:
  • Podiam prescindir da nacionalidade portuguesa ou espanhola, ou escolher uma delas; sendo considerados como "mistos" ou “cidadãos do Couto”, não estavam obrigados a utilizar documento de identidade português nem espanhol.
  • Não participavam no exército português nem no espanhol.
  • Exerciam o autogoverno democrático, com assembleias populares, elegendo em cada três anos um juiz ou alcaide que desempenhava as funções governativas, administrativas e judiciais, auxiliado pelos homens de acordo e pelos homens-bons eleitos nas três povoações (Santiago, Rubiás e Meaus). Até 1834 o alcaide era ratificado pelo juiz de Montalegre.
  • Não necessitavam de licença de porte de armas, quer dentro do Couto, quer no Caminho Privilegiado.
  • Não pagavam direitos de registo de propriedade nem outras contribuições ou impostos a Portugal ou Espanha.
  • Não podiam ser detidos pelas autoridades portuguesas ou espanholas até uma légua do Couto nem no Caminho Privilegiado.
  • Podiam negar alojamento às forças militares portuguesas ou espanholas.
  • Frequentavam as feiras das povoações limítrofes portuguesas e galegas, fora do Couto, sem pagar direitos nem estar sujeitos a controlo alfandegário.
  • O trânsito de pessoas e mercadorias no Caminho Privilegiado não podia ser perturbado pelas autoridades portuguesas nem espanholas.
  • Podiam cultivar todos os géneros, inclusive os que eram sujeitos a controlo especial em Portugal ou Espanha (como por exemplo tabaco).
  • O Couto Misto permitia o direito de asilo, não sendo possível às autoridades portuguesas ou espanholas perseguir indivíduos no território, a não ser em casos especiais como por exemplo homicídio.
Mapa de Tourém, Randim e Couto Misto
Com a assinatura do Tratado de Lisboa, ou Tratado de Limites, de 1864, que fixou os limites fronteiriços entre os reinos de Portugal e Espanha, as povoações do Couto Misto e a quase totalidade do seu território passaram para a soberania espanhola, pois os negociadores portugueses não conseguiram fazer vingar a sua proposta de repartir o Couto com a fronteira pelo rio Salas. Em contrapartida foram atribuídos a Portugal os chamados Povos Promíscuos, que eram algumas aldeias localizadas sobre a raia, que pertencem agora ao concelho transmontano de Chaves: Soutelinho da Raia, Cambedo e Lama de Arcos (Lamadarcos). Ao contrário dos cidadãos do Couto, os habitantes dos Povos Promíscuos não desfrutavam de prerrogativas especiais.
Os privilégios e a independência de facto do Couto Misto terminaram com a partição luso-espanhola por meio do Tratado de Limites de 1864. Em 1868 deu-se a anexação formal com a entrada em vigor das das disposições do tratado luso-espanhol. Em 1906 os governos português e espanhol reconheceram o uso comum de terras para pastoreio nos dois lados da raia, mas sem alterar os limites da fronteira fixada em 1864.

Excertos do Tratado de Limites, na ortografia original:
«Desde as Pedras de Malrandin se dirigirá a raia em direcção N. pela actual linha de separação entre o Couto Mixto e o termo de Villar, até ao ponto em que a corte um alinhamento recto, tirado do Castello da Piconha ao Pico de Monte Agudo, e d’este ponto de encontro voltando em direcção E., continuará por outro alinhamento recto até ao Porto de Banzellos. Portugal renuncia a favor de Hespanha todos os direitos que possa ter sobre o terreno do Couto Mixto, e sobre os povos n’elle situados, os quaes em virtude da direcção determinada pela linha acima descripta ficam em territorio hespanhol. (…)
O povo promiscuo de Soutelinho pertencerá a Portugal, demarcando-se-lhe, em territorio de Hespanha, uma zona de noventa a cem metros de largo contigua á povoação. (...) Os dois povos promiscuos Cambedo e Lama de Arcos, com seus actuaes termos municipaes ficam pertencendo a Portugal. (…)
Havendo passado integralmente ao dominio e soberania de Portugal, em virtude dos artigos 10.º e 11.º os tres povos promiscuos denominados Soutelinho, Cambedo e Lama de Arcos, e ficando igualmente sob o dominio e soberania de Hespanha, em virtude do artigo 7.º, os tres povos do Couto Mixto, chamados Santa Maria de Rubias, S. Thiago e Meaus, convem ambas as partes contratantes, que tanto os habitantes dos povos promiscuos que sejam realmente subditos hespanhoes, como os habitantes do Couto Mixto que sejam realmente subditos portuguezes, possam, se assim lhes convier, conservar a sua respectiva nacionalidade. Para este fim tanto uns como outros declararão a sua decisão ante as auctoridades locaes no termo de um anno, contado desde o dia em que se ponha em execução o presente tratado.»
Meaus
O interesse histórico e cultural pelo Couto Misto ressurgiu na década de 1990, com atividades da Universidade de Vigo e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, assim como a criação da Associação de Amigos do Couto Misto (Asociación de Amigos do Couto Mixto) e em 2003 a Associação Comunitária do Couto Misto (Asociación de Veciños do Couto Mixto).

A origem do nome do Couto Misto parece estar em “misto”, “misturado”, devido à mistura dos diferentes povos ou às relações mistas com as Casas de Bragança e de Monte-Rei. Contudo, também há quem defenda que o nome tem origem em “místico”.
A palavra couto tem os seguintes significados: terra coutada, defesa, privilegiada; sítio vedado; conjunto de terras ou povoações que pertenciam a um nobre, mosteiro, senhorio, etc; terreno comunal, conjunto de terras que formam um todo; limite, término; refúgio, abrigo ou asilo, em sentido figurado. Do latim cautu, «precaução» ou «acautelado; defendido», particípio passado de cavere, «acautelar».
Fotos: CorreiaPM, domínio público.
Mapa de Tourém, Randim e Couto Misto: http://www.planeamentourbanistico.xunta.es/siotuga/visor.php?hc_location=ufi
http://www.igeoe.pt/downloads/file143_pt.pdf
http://sd1raia.webnode.com.pt/news/tratado-de-lisboa-de-1864/
http://www.coutomixto.org/index.htm
http://elpais.com/diario/2006/07/30/domingo/1154231557_850215.html
http://coutomixto.blogspot.com.es/
http://www.igadi.org/arquivo/te_se03/couto_mixto_unha_republica_esquecida.htm
http://usuaris.tinet.cat/sag/pepe/cotomixt.htm
http://www.crtvg.es/tvg/a-carta/xente-con-xente-nas-fronteiras-do-couto-mixto-castromil-e-goian-03-12-2011
http://www.jornalmapa.pt/2014/06/17/a-aldeia-do-cambedo-e-o-couto-mixto/

21 March 2015

Gerês

Soajo, Parque Nacional da Peneda-Gerês
A região natural do Gerês abrange os dois lados da fronteira estatal luso-espanhola e ignora os limites administrativos do Minho, Trás-os-Montes e Galiza. Em Portugal, foi criado em 1971 o Parque Nacional da Peneda-Gerês, o único parque nacional português. Na Galiza, foi criado em 1993 o Parque Natural do Baixo Lima-Serra do Gerês (Baixa Limia-Serra do Xurés, na ortografia oficial da Junta da Galiza). Em 1997 foi definido o Parque Transfronteiriço Gerês-Xurés, englobando os dois parques limítrofes em Portugal e na Galiza. Em 2009 a UNESCO reconheceu e estabeleceu o conjunto destes parques como Reserva Mundial da Biosfera, com a denominação oficial de Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xurés, com base na continuidade biogeográfica da zona. Além do contínuo natural, de elevada biodiversidade, os dois parques estão unidos pela cultura ancestral dos povos da região.
O Parque Nacional da Peneda-Gerês abrange áreas de 22 freguesias dos concelhos portugueses de Arcos de Valdevez, Melgaço, Montalegre, Ponte da Barca e Terras de Bouro, numa superfície de 69.592 ha (702,9 km²). É constituído pelas serras da Peneda, Soajo, Amarela e Gerês. O ponto mais situa-se no pico da Nevosa, na serra do Gerês, com 1.546 m de altitude (ou em Cornos da Fonte Fria, com 1.456 m).
O Parque Natural do Baixo Lima-Serra do Gerês alto abrange áreas dos concelhos galegos de Bande, Entrimo, Lobios, Muinhos e Calvos de Randim. É constituído pelas serras do Laboreiro, Queguas, Quinjo, Santa Eufémia, Gerês (Xurés) e Pena, numa superfície de 20.920 ha (209 km²).
O Parque Transfronteiriço Gerês-Xurés está integrado na Região Biogeográfica Atlântica da Rede Natura 2000, da União Europeia.

A origem do topónimo Gerês é pré-românica. O local indicado em textos medievais com o nome Ugeres ou Ogeres (Aquis Oreginis / Originis / Ocerensis), seria onde se localiza agora Banhos de Rio Caldo, no concelho galego de Lobios, ou então Caldas do Gerês, no concelho português de Terras de Bouro. Segundo Edelmiro Bascuas, o étimo de O Xurés, ou O Gerês, seria *Ugerense, derivado da raiz hidronímica pré-romana *ug*, com o sentido de «húmido» ou de «rio», com o derivativo pre-romano -er- e o sufixo latino -ensis.
Também Amílcar Guerra, em Algumas questões de toponímia pré-romana do Ocidente peninsular, relaciona Gerês com Ocaera, Ocaerensis e Ogerinis. Dessas formas derivaria o nome medieval do Gerês, atestado em documentos medievais como alpes Ugeres, mons Ugeres, mons Ugeredi, Ogeres.
Por outro lado, José Pedro Machado, no Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, defende a origem de Gerês (e Geira) no latim Caesaria, «imperial», «de César».
Entre as grafias de Gerês encontra-se também Gerez, Jerez e Jurez, para além da grafia oficial moderna Xurés preconizada pela Junta da Galiza.
Peneda é uma palavra relacionada com penedo, pena, penha ou penhasco, com o significado de pedra grande, rochedo, rocha, fraga, elevação de terreno. No latim vulgar é pena, penna, pennia, variante de pinna, «rocha», «merlão»; do céltico penn.
Para além de muitas formas compostas, entre outros topónimos relacionados com Peneda encontramos: Pena, Penedas, Penedais, Penedão, Penedelo, Penedia, Penedinho, Penedinhos, Penediscos, Penedo, Penedões, Penedos, Penha.
A palavra parque tem origem no francês parc, «terreno cercado; parque». Do baixo latim parricu, «cerca; tapada», do pré-latim *parra ou do germânico *parruk; antigo alto alemão pfarrih.

O topónimo Gerês não tem relação com Jerez de la Frontera (Xerez da Fronteira), na Andaluzia, cujo nome tem origem no árabe Sherish, talvez do fenício Xera.


http://www.icnf.pt/portal/ap/pnpg 
http://www.icnf.pt/portal/ap/resource/ap/pnpg/brochur2013 https://dre.pt/application/dir/pdf1sdip/2011/02/02501/0000200030.pdf http://www.reservabiosferageresxures.com/Biblioteca/PNPG.pdf 
http://www.parquenaturaldoxures.com/ 
http://www.valorgeres-xures.pt/gca/?id=585 http://www.parquenaturaldoxures.com/descargas/mab_geres_xures_09.pdf http://www.parquenaturaldoxures.com/descargas/mapa.pdf 
http://portal.unesco.org/science/en/ev.php-URL_ID=7661&URL_DO=DO_TOPIC&URL_SECTION=201.html http://ec.europa.eu/environment/nature/info/pubs/docs/brochures/nat2000_atlantic.pdf http://www.patrimoniocultural.pt/media/uploads/revistaportuguesadearqueologia/rpa15/05_RPA15_JAlarcao.pdf
http://ifc.dpz.es/recursos/publicaciones/25/25/06guerra.pdf http://illa.udc.es/rgf/pdf/RGF_05_enteiro.pdf

20 March 2015

Gajo

Em Portugal, a palavra gajo é muito usada na linguagem coloquial, nomeadamente a falada, mas não é muito bem vista num registo culto ou mais formal.
No registo coloquial, informal ou jocoso, gajo é qualquer pessoa incerta cujo nome se desconhece ou não se quer mencionar; o mesmo que fulano, tipo, sujeito, indivíduo. Também pode significar namorado (ou namorada, na forma feminina). Entre outros sentidos positivos, gajo é usado em frases como por exemplo "um gajo porreiro".
No sentido pejorativo ou depreciativo, a palavra gajo tem vários significados negativos: sujeito à toa, indivíduo velhaco, de baixa reputação, trapaceiro, astuto, manhoso, pícaro, espertalhão, ordinário, súcio, finório, malandro, de maneiras rudes e abrutalhado.
O uso informal, não ofensivo, ou seja simplesmente um indivíduo, é mais frequente que o uso pejorativo. O masculino – gajo – também é mais usado que o feminino – gaja. A forma feminina tem um sentido mais pejorativo que a forma masculina. Por outras palavras, é geralmente considerado mais ofensivo chamar gaja a uma mulher do que chamar gajo a um homem. No sentido coloquial, não pejorativo, gajo em Portugal é equivalente a cara no Brasil. 
Na gíria cigana do Brasil há também o feminino gajimGajo é ainda uma palavra usada no Brasil num sentido informal ou jocoso para designar os portugueses ou indivíduos originários de Portugal. Gajo ou gajão é uma forma de tratamento respeitosa que os ciganos no Brasil usam para as pessoas que não são ciganas.
Em Portugal, o verbo gajar é um regionalismo que significa fazer barulho. Este verbo intransitivo deriva de gajo.
Gajada, também num registo informal ou coloquial, é uma multidão ou grupo de gajos ou gajas, ou um procedimento próprio de um gajo; o mesmo que malta.
Gajedo é um conjunto de gajas, em linguagem fortemente pejorativa.

A etimologia da palavra gajo é a derivação regressiva de gajão ou ganjão. Gajão tem origem no caló espanhol gachó, do cigano ou romani gadjó, «homem». Na língua dos ciganos ou roma espanhóis gachó é um camponês ou homem adulto; gachó (masculino) e gachí (feminino) referem-se a pessoas que não são ciganas. (O caló espanhol é a linguagem própria dos ciganos espanhóis, ou um calão espanhol constituído por palavras e expressões de origem cigana.)
Na cultura romani (dos ciganos), um gadjo (no feminino gadji) é um indivíduo que não tem romanipen, ou seja não está completamente integrado na cultura, leis e tradições dos roma. Um cigano que não viva dentro da cultura rom também é considerado gadjo, embora mais frequentemente esta palavra se refira a pessoas fora da comunidade e etnia cigana.
A origem da palavra romani gadjo, ou gajo, é desconhecida, mas poderá significar «camponês» ou «homem» e ter a mesma raíz de gav, «aldeia». Outra teoria deriva gajo de Ghazi, um reino na Pérsia e Afeganistão do século XI.
Em escocês, assim como no Ulster e no nordeste da Inglaterra, gadgie ou gadge significa «homem». Na Bulgária гадже (gadje) significa «namorado ou namorada». Em romeno gagic e gagică significam «namorado» e «namorada» e também «rapaz» e «rapariga» («garota, moça», no Brasil).

A palavra gajo não tem relação com gajeiro, o marinheiro da gávea nos veleiros antigos. Gajeiro deriva do italiano gaggia, «gávea».
A palavra gajas (nome feminino plural) com o sentido antiquado de salário ou custo também não tem relação com gajo ou gaja. Tem origem no francês gages «salário».

http://web.archive.org/web/20080514005741/http://www.romani.org/rishi/retygajo.html

18 March 2015

Milho

O milho (Zea mays) é uma planta anual, da família das gramíneas (Gramineae ou Poaceae), originária das Américas, extensamente cultivada em muitos países do mundo, com o maior volume de produção entre os cereais. Em Portugal é cultivado principalmente no norte e no centro.
Os grãos do milho desenvolvem-se em grossas espigas. São muito nutritivos e, por isso, abundantemente usados na alimentação humana, tanto os próprios grãos simples com transformados nos mais diversos produtos, incluindo farinha para panificação. O milho é também muito usado nas rações para animais. O colmo e folhas do milho são usados para forragem. Para além da alimentação, o milho é usado na indústria, como por exemplo para a produção de álcool.
A planta do milho apresenta flores de sexos separados, sobre o mesmo indivíduo, sendo assim caracterizada como monoica. As espigas femininas têm longos estigmas, que lembram fios de cabelo, e que são popularmente chamados barbas de milho.
A palavra milho tem origem no latim miliu, cujo nome era dado a plantas diferentes, como o milho-miúdo comum (Panicum miliaceum) e o painço (Setaria italica), também chamado milho-miúdo, milhete, milheto, ou mileto, que já existiam na Europa, Ásia e África. Com a chegada à Europa do “novo milho” (Zea mays), a palavra simples – milho – passou a ser usada para este, enquanto os “velhos milhos”, Setaria italica e Panicum miliaceum, são designados pela palavra composta – milho-miúdo. Portanto, em português não se devem confundir os nomes destas diferentes plantas, milho e milho-miúdo. Noutras línguas é mais explícita a nomenclatura destas plantas. Por exemplo em italiano o milho-miúdo (Panicum miliaceum) tem o antigo nome miglio, enquanto o milho do Novo Mundo (Zea mays) é chamado mais. Em castelhano o primeiro é mijo común e o segundo maíz.
Em castelhano, em Espanha e América Latina, a palavra mais comum para milho (Zea mays) é maíz, com origem no taino mahís, e nesta língua caribenha significa «o que sustenta a vida». A palavra castelhana deu origem a palavras idênticas noutras línguas, como maïs em francês, maize em inglês, majs em dinamarquês e sueco, ou mais em italiano, alemão, neerlandês, norueguês, etc. Nas ilhas Canárias a planta é chamada millo, com origem no português milho; a maçaroca é chamada piña de millo.
Na África austral é usada a palavra mielie, em africânder, e mealie, em inglês, ambas com origem no português milho.
As palavras abati, auati e avati, de origem tupi, são sinónimas de milho, no Brasil.

Outros significados e expressões com a palavra milho ou relacionadas
  • Barba de milho: estigma de milho, usado popularmente como infusão diurética; o mesmo que cabelo de milho.
  • Cabelo de milho: o mesmo que barba de milho.
  • Maís: variedade de milho graúdo; zaburro.
  • Maisal: campo cultivado com maís (variedade de milho).
  • Maisena: farinha fina constituída por amido de milho ou maís. A grafia mais usada em português é maisena; a marca registada que deu origem ao nome comum é Maizena®, do inglês maize.
  • Maizena: o mesmo que maisena.
  • Midje ingron: “milho em grão”; comida cabo-verdiana feita com milho verde (grão de milho não completamente maduro).
  • Milano: o mesmo que milhafre (ave).
  • Milha: alguma coisa de milho (por exemplo farinha, palha).
  • Milhã: nome comum de várias plantas herbáceas, da família das gramíneas, também conhecidas por milheira.
  • Milhaça: farinha de milho.
  • Milhado: animal que adoece por indigestão de milho (Brasil); bêbado (figurado); forte, nutrido (gíria).
  • Milhafo: o mesmo que milhafre.
  • Milhafre: nome comum de várias aves de rapina, da família dos accipitrídeos, também designadas bacalhoeiro, milano, milhano, mioto, minhoto, falcão, gavião, peneireiro, etc.
  • Milhal: terreno cultivado com milho, milheiral.
  • Milhaneiro: que ou aquele que caça milhanos (ave).
  • Milhano: o mesmo que milhafre (ave).
  • Milhano-real: o mesmo que bacalhoeiro (ave); ave de rapina da família dos falconídeos, também designada milhafre (ave).
  • Milhão: milho (regionalismo); milho de cana muito alta e grão muito graúdo (regionalismo).
  • Milheira (ave): o mesmo que serzino; pequeno pássaro cantador, pertencente à família dos fringilídeos, também conhecido por amarelinha, azegrino, milheirinha, cerejinho, cerezinho, cerezina, cerezino, sereno, serino, bico-curto, riscada, milheiriça, chamariz, serezino, etc.
  • Milheira (planta): o mesmo que milhã.
  • Milheira-amarela: o mesmo que verdelhão (ave); pássaro de plumagem verde-amarelada, pertencente à família dos Fringilídeos, muito frequente e, em parte, sedentário em Portugal, também conhecido por amarelão, canário-bravo, emberiza, milheira-amarela, milheirão, mourisco, verderol, verdilhão, verdilhote, verdizel, verdizelo, etc.
  • Milheiral: o mesmo que milhal.
  • Milheirão: nome comum de dois pássaros, da família dos fringilídeos, um também conhecido por verdelhão, mourisco, etc., outro por trigueirão, tem-te-na-raiz, etc.
  • Milheiriça: o mesmo que milheira (ave).
  • Milheirinha: o mesmo que milheira (ave).
  • Milheiró: o mesmo que pintassilgo (Madeira); variedade de uva tinta.
  • Milho barbeito: milho que se semeia para dar aos animais (Galiza).
  • Milho da revoltiça: milho que constitui a colheita de outono; este milho dá-se geralmente ao gado (Galiza).
  • Milho de restevas: milho que se cultiva no mês de junho ou julho (Galiza).
  • Milho de sêmola: o mesmo que Milho-miúdo comum (Galiza).
  • Milho doce: variedade de milho com elevado conteúdo em açúcar.
  • Milho graúdo: milho comum, que tem o grão grosso e grande.
  • Milho transgénico: espécie de milho geneticamente modificada.
  • Milho-alho: o mesmo que milho tunicado; variedade de milho muito apreciado como forragem para bovinos.
  • Milho-alvo: variedade de milho de grão branco.
  • Milho-branco-de-Angola: o mesmo que milhete-branco-do-Egipto.
  • Milho-cozido: árvore leguminosa-mimosácea (Pithecolobium pubescens).
  • Milho-cozido-preto: o mesmo que licânia, género botânico da família Chrysobalanaceae.
  • Milho-da-Guiné: o mesmo que sorgo-cafre.
  • Milho-da-Itália: o mesmo que painço ou milho-painço.
  • Milho-das-vassouras: o mesmo que milho-zaburro; espécie de sorgo (género Sorghum), de cana delgada e alta, com bandeira e sem espiga, e empregada especialmente em vassouras.
  • Milho-de-cobra: planta Araceae (Taccarum weddellianum).
  • Milho-de-cobra: planta balanoforácea (Lophophytum mirabile), também chamada fel-da-terra.
  • Milho-dente: variedade de milho (Zea mays indentata), com grãos que se tornam dentados na maturação.
  • Milho-duro: variedade de milho (Zea mays indurata), que tem grãos duros, córneos, arredondados, ou curtos e chatos, com endosperma mole e amiláceo, encerrado por uma camada dura, externa.
  • Milho-embandeirado: milho que deitou bandeira ou pendão.
  • Milho-miúdo comum: planta da família das gramíneas, com grão farinhento, mas insípido e indigesto (Panicum miliaceum); usa-se para fazer pão, misturando a farinha com a de milho, ou para alimentar aves domésticas.
  • Milho-miúdo: o mesmo que milho-painço, Setaria italica ou Panicum italicum.
  • Milho-molar: variedade de milho branco, macio, e que dá muita farinha.
  • Milho-painço: cereal da família das gramíneas também chamado milho-da-Itália e milho-miúdo.
  • Milho-rei: variedade de milho de grão vermelho.
  • Milhos: prato de Trás-os-Montes feito com milho pouco moído, toucinho, carne e legumes.
  • Milho-sorgo: o mesmo que milho-zaburro.
  • Milhote: o mesmo que milho graúdo ou comum (Galiza).
  • Milho-torrado: planta rosácea (Licania sp.).
  • Milho-tunicado: o mesmo que milho-alho.
  • Milho-verde: espécie de cação (peixe) do Maranhão, Brasil.
  • Milho-zaburro: variedade de milho da Índia, com grão grosso.
  • Milho-zaburro-branco: o mesmo que milhete-branco-do-Egipto.
  • Milho-zaburro-vermelho: o mesmo que sorgo-cafre.
  • Milo: nome comum a algumas variedades de sorgo.
  • Minhoto: o mesmo que milhafre (ave).
  • Mioto: o mesmo que milhafre (ave).

Topónimos derivados de milho (milho-miúdo): Milho, Milho Branco, Milho Verde, Milhaça, Milhaço, Milhaira, Milhais, Milhão, Milhar, Milhara, Milharada, Milharadas, Milharado, Milhares, Milhazes, Milheira, Milheiradas, Milheira, Milheiro, Milhões, Milhorada, Milhorado, Milhoto, Milhundos, Milheiró, Milharó, Milharouco, Milheiroco, Milheirós, Vale de Milhaços.

Provérbios e expressões idiomáticas
  • A chuva em agosto traz milho a rostro. (Galiza)
  • À porta do rezador, não botes o milho ao sol. (Galiza)
  • A maçaroca, no moinho; e no bolso, o dinheirinho. (Galiza)
  • Ano de muita pulga é ano de milho.
  • As escrouchinhas* do milho não fazem proveito a ninguém. Mandei a mulher a elas; adormeceu e não vem. (Galiza)
  • Até a folhinha do milho sabe também picardia. Guarda o orvalho da noite, para beber pelo dia. (Galiza)
  • Boa como o milho. (Expressão que designa uma mulher atrativa; calão.)
  • Com unto e pão de milho, o caldo faz bom trilho.
  • Dinheiro como milho. (Muito dinheiro.)
  • Disse o milho à linhaça: Anda, espevitada, que aos três dias estás nada. E a linhaça respondeu-lhe: talvez como tu, borrão, que tardas sete semanas a saíres do torrão. (Galiza)
  • Disse o milho à terra: decrua-me* tarde, arrenda-me cedo, e pagar-te-ei o que te devo. (Galiza)
  • Em agosto deve o milho ferver no carolo.
  • Em março, abrigo, moças e pão de milho. (Galiza)
  • Em maio, milho semeado, qual enxuto, qual molhado. (Galiza)
  • Em outubro não fies só a lã, recolhe o teu milho e o teu feijão, senão de inverno tens a tua barriga em vão.
  • Junho quente, milho valente. (Galiza)
  • Lavada: aos três dias nada!, disse o milho à linhaça; e ela respondeu: Nugalhão, um mês debaixo do terrão, e ainda se vou ou não! (Galiza)
  • Lá vai, vê-la lá vai, a raposa pelo milho: ela comer não o come, mas o vai destruindo. (Galiza)
  • Milho: dinheiro.
  • Milho ralo na leira e não no carro. (Galiza)
  • Mulher e galinha são bichos interesseiros: galinha por milho, mulher por dinheiro.
  • Nem milho engrolado*, nem milho queimado. (Galiza)
  • O milho mesto*, no cesto; o milho raro, na leira e não no carro. (Galiza)
  • O milho pelo São João deve cobrir um cão.
  • O milho pelo São Marco nem nado, nem no saco.(23 de março.) (Galiza)
  • O milho rascado enche a cesta e o ferrado. (Galiza)
  • O pão de trigo fê-lo Deus, e o de milho mandou fazê-lo. (Galiza)
  • O primeiro milho é dos pardais.
  • O primeiro milho é dos pintos.
  • O primeiro milho é para os pássaros. (Galiza)
  • O temporão, ou em palha ou em grão. (Galiza)
  • Papagaio come milho, periquito leva a fama.
  • Pela palha se conhece a espiga.
  • Pelo São João deve o milho cobrir o chão.
  • Quando o ano entra ao domingo vende os boizinhos e merca milhinho. (Galiza)
  • Quem olha o milho, não bota pintos.
  • Quem o milho-rei encontrar a rapaziada vai beijar.
  • Quem os pássaros receia, milho miúdo não semeia. (Galiza)
  • Quem pássaros receia, milho não semeia.
  • Seja marido e seja grão de milho.
  • Se o milho fosse pouco, mudá-lo-ia dum saco noutro, disse a galinha quando falou. (Galiza)
  • Se queres ter bom milheiro, faz o alqueire em janeiro.
  • Ter milho velho no hórreo.* (Ter ou dispor de algo seguro; Galiza.)
* Palavras nos provérbios galegos
  • Arrendar: dar a segunda sacha ao milho. O mesmo que redrar: cavar de novo, ligeiramente, para tirar a erva.
  • Decruar1. Dar a primeira lavra ou cava à terra para prepará-la para a sementeira. 2. Sachar pela primeira vez o milho, para lhe tirar as ervas daninhas.
  • Escroucha: Parte mais pequena da ponta da cana do milho.
  • Engrolado: o que está a meio de ficar pronto.
  • Hórreo: espigueiro.
  • Mesto: denso.
Imagem de Franz Eugen Köhler, Köhler's Medizinal-Pflanzen; domínio público.