15 March 2015

Ilhas do Minho

O estuário do Minho, visto da Guarda, Galiza
No troço internacional do rio Minho, em especial no estuário ou esteiro, o aluvião formou várias pequenas ilhas, também chamadas ínsuas, mouchões ou morraceiras. 
Algumas das ilhotas de aluvião formam-se e depois desaparecem, outras constituem ilhotas permanentes. As sedimentações, arrastadas pelas águas do rio, criam bancos de areia, que acabam por formar as ilhotas permanentes, as quais são consolidadas pela vegetação que as colonizam. 
A sedimentação é devida às alterações naturais no curso do rio, sazonais ou outras, e também por interferência humana na bacia hidrográfica. Pela sua natureza, o processo de formação das ilhotas aluviais é muito dinânico. Por exemplo a Morraceira de Seixas começou a formar-se no início da década de 1980. Em outros casos houve ilhas maiores que posteriormente se subdividiram, como o grupo insular do Verdoejo, que no século XVIII era uma única ilha. 
A demarcação da fronteira internacional foi controversa, dada a instabilidade geológica das ilhas de aluvião, as alterações sazonais ou a indefinição do talvegue do rio. As tradições locais relacionadas com o uso comum das ilhas por galegos e portugueses, além de desavenças sobre esse uso, originou também conflitos na demarcação da linha fronteiriça entre os dois estados..
O "Tratado de Limites entre Portugal e Hespanha", de 1864, determinou o seguinte:
«A linha de separação entre a soberania do reino de Portugal e a do reino de Hespanha, começará na foz do rio Minho, entre o districto portuguez de Vianna do Castelo, e a provincia hespanhola de Pontevedra, e se dirigirá pela principal veia fluida do dito rio até á confluencia do rio Barjas ou Trancoso. A ilha Canosa situada perto da foz do Minho, a denominada Cancella, a Insua Grande, que se encontra no grupo das ilhas do Verdoejo, entre o povo portuguez d’este mesmo nome e o povo hespanhol Caldelas, e o ilhote Filha Boa, situado perto de Salvatierra, pertencerão a Hespanha. As ilhas chamadas Canguedo e Ranha Gallega, que formam parte do mesmo grupo de Verdoejo, pertencerão a Portugal.» (Texto original, ortografia da época.)
Hoje em dia, segundo as informações da Capitania do Porto de Caminha, há 14 ilhas no troço internacional do rio Minho. Quatro são consideradas internacionais, não sendo reclamadas em exclusivo por nenhum dos países; as outras 10 estão distribuídas pelos dois países.
As ilhas internacionais não disputadas são as seguintes: Morraceira, Morraceira de Seixas (ilha Maurício), Morraceira de João de Sá e Varandas (Canosa de Arriba). A primeira está mais próxima da margem galega. As outras três estão mais perto da freguesia de Lanhelas, no concelho de Caminha, Portugal.
As cinco ilhas atribuídas a Portugal são: ilha dos Amores, Boega, Lenta, São Pedro e Conguedo. As três primeiras pertencem ao concelho Vila Nova de Cerveira; as outras duas situam-se no concelho de Valença.
As cinco ilhas de soberania espanhola, na Galiza, são: Canosa, Morraceira do Grilo (ou Vimbres), Morraceira das Varandas, Vacariça (Vacariza) e Filha Boa (Fillaboa).
As ilhas do Minho internacional constituem áreas de interesse ecológico, estando a caça e a pesca na zona regulamentada por Portugal e Espanha. O bom uso das ilhas internacionais do rio Minho também está regulamentado por Portugal e Espanha, sendo a sua fiscalização competência da Capitania do Porto de Caminha (da Autoridade Marítima portuguesa) e da Comandancia Naval del Miño (da Armada Espanhola, em Tui, Galiza).
Na ilha de Filha Boa (Fillaboa), declarada Sítio de Importância Comunitária, adquirida a um particular pelo concelho galego de Salvaterra do Minho, foi criado um centro de interpretação da natureza, embora se encontre degradado. As ilhas do Minho que pertencem a Portugal estão devolutas, não tendo atividades regulares.
Ilhas da Boega e dos Amores
O rio Minho em Vila Nova da Cerveira
O rio Minho na zona do Verdoejo
A Ínsua de Santo Isidro, uma ilhota granítica mais conhecida por Ínsua, ao sul da foz do rio Minho, junto à praia de Moledo, no concelho de Caminha, não tem relação geológica com as ilhas de aluvião no estuário do mesmo rio. Nesta ilhota situa-se o Forte da Ínsua, que é uma fortificação setecentista marítima abaluartada, classificada como Monumento Nacional.
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Referências na internet:

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